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A discussão aprofundada deste tema é de fundamental importância para o Movimento Cultural Hip Hop, e seus novos rumos no futuro próximo. Acreditamos que, a utilização dos elementos artísticos do Hip Hop (Mc, Dança de rua, graffiti e Dj), como veículo aglutinador da juventude, para a construção de um verdadeiro processo de cidadania dos jovens de periferia, deva ser encarado como o maior desafio da história do movimento.É importante destacar como o Movimento Hip Hop poderá desenvolver o processo de uma cidadania plena da juventude pobre e como deve ser a relação do Hip Hop com os outros movimentos populares, que também estão trabalhando para construir a cidadania nas suas áreas específicas de atuação.
Mas antes de tudo... O que é cidadania? O que se entende por cidadania?
Hoje a opinião predominante é o entendimento do conceito de cidadania, como sendo um processo que visa como objetivo final, a formação de cidadãos críticos, cientes dos seus direitos e deveres e altamente participativos da construção política do seu país, estado ou município. Cidadãos que realmente se importem com os rumos que a sociedade, na qual estão inseridos, está tomando. Cidadãos que se preocupem uns com os outros. Inclusive um valor que deve ser cultivado no processo de cidadania é o da solidariedade. Resumindo, cidadania seria o nível de qualidade que um cidadão apresenta. Esta definição é aceita como exercício da cidadania plena.
Quando se diz que o Movimento Hip Hop contribui com o processo de cidadania dos jovens, não necessariamente tem se em mente o abrangente conceito de cidadania acima descrito. Porém, a cidadania no Hip Hop, hoje, quer dizer: aumento da auto estima dos jovens das camadas populares, envolvimento com a produção da cadeia produtiva da cultura, internalização individual de uma identidade coletiva, como a que o Hip Hop proporciona, e consequentemente, o combate à ociosidade e a efetivação da inclusão social.
É evidente que para o Movimento Hip Hop contribuir na construção da cidadania plena da juventude pobre como um todo, primeiramente, deve construí-la internamente, isto é, dentro do movimento com seus próprios militantes.
Para isso, o primeiro passo necessário consiste no Hip Hop despertar para a definitiva consolidação do quinto elemento que na prática se constitui na busca do conhecimento, responsabilidade social e participação política na sociedade. Este novo elemento vem sendo cada vez mais discutido dentro do Hip Hop, principalmente em Estados como Pernambuco, Piauí, Paraíba, Bahia, Maranhão, Ceará, Rio de Janeiro, Rio Grande Sul, São Paulo entre outros. Podendo ser traduzido pela organização e formação de entidades locais, nacional e Universal a exemplo da Associação Metroplitna de Hip Hop em Pernambuco, Associação Coletiva Pessoensse de Hip Hop, MH20, Universal Zulu Nation, MOHHOB que na prática realizam trabalhos sociais tendo como ferramenta pedagógica os quatro elementos artísticos da Cultura Hip Hop nos bairros de periferia do grandes Metrópoles e cidades do Interior dos Estados federados, participam de fóruns de debates promovidos pelo conjunto dos movimentos sociais e de governos a exemplo do Fórum Social Mundial e conselhos nacional e estaduais de juventude, reivindicando políticas públicas para o conjunto da juventude do País, principalmente as oriundas das classes pobres e afrodescentdente.
O rap, a dança de rua o graffiti e o Dj representam o lado lúdico-artistico e criativo do Movimento Cultural Hip Hop e funcionam como mobilizador e fomentador do protagonismo da juventude, que facilmente fortalece a sociabilidade e identidade coletiva que acompanhado da formação política se traduz na ascensão de sujeitos ativos capazes de lutarem por um outro mundo sem opressores e oprimidos.
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Mas qual é a principal importância da formação política dentro do Movimento Hip Hop? Exatamente para que se consiga por em termos práticos o que tanto se fala nas letras de rap: a construção de uma sociedade justa, solidária, onde todos e todas vivam com dignidade.
Mas então, que tipo de política que o Hip Hop deve se orientar?
A política de defesa radical do povo da periferia, especialmente da juventude afrodescendente. Para isso é preciso que o Movimento Hip Hop entenda: quem são os inimigos da camada popular e da periferia, como agem e quais são as alternativas para combatê-los.
Os inimigos são, o capitalismo e seus representantes, que agem por meio da opressão e da exploração, concentrando toda renda nacional nas mãos de poucas famílias e submetendo os pobres (a maioria da população) a condições de vida subumanas, através do desemprego, da fome, do sucateamento da educação e saúde pública e etc.
As maneiras de o Movimento Hip Hop combater o sistema capitalista são: primeiro, entender como o capitalismo se mantém no poder, estudando-o profundamente e posteriormente assumir como principal missão: organizar a juventude pobre da periferia para exigir e fazer acontecer uma transformação radical no sistema político-econômico vigente. O Hip Hop deve organizar e formar politicamente esta juventude oprimida para lutar declaradamente contra o capitalismo, seus valores e representantes. Esta luta deve ter, de forma clara, como meta final à destruição do capitalismo e a construção de uma nova sociedade baseada em valores humanitários e socialistas. Desta maneira se dará à construção da cidadania plena da juventude pobre.
É bom que fique claro que a construção da nova sociedade não é uma tarefa apenas do Hip Hop, mais sim de todos os movimentos e entidades populares e sociais, partidos políticos de esquerda e etc. Aliás, a construção dessa nova sociedade já vem sendo colocada em pauta por outros movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra). O que vem sendo acompanhado pelo Movimento Hip Hop, ou seja, é sabido por que a luta é política e que o Hip Hop não está sozinho. Existem muitas pessoas organizadas ou não conspirando no mesmo barco. No entanto é preciso amadurecer a unidade política do Hip Hop com os outros movimentos populares, evidentemente, cada um construindo sua história em sua área específica de atuação. A área do Movimento Hip Hop são as periferias e favelas.
Desta maneira, o Hip Hop estará, através da arte fortalecendo a cidadania plena dentro do movimento e fora dele, e conseqüentemente participando da construção de um novo mundo. Um mundo baseado na liberdade, igualdade e justiça.
Sociólogo da Favela
Associação Metropolitana de Hip Hop em Pernambuco
Um comentário:
Palavra conciente de quem intende do assunto
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